terça-feira, agosto 29, 2006

O Descanso da Guerreira

Isla Mágica - Sevilha










Praia de Santa Eulália - Albufeira

Dias Medievais - Castro Marim

sexta-feira, agosto 11, 2006

Onze...


Quando te vi amei-te já muito antes:
Tornei a achar-te quando te encontrei.
Nasci pra ti antes de haver o mundo.
Não há cousa feliz ou hora alegre
Que eu tenha tido pela vida fora,
Que o não fosse porque te previa,
Porque dormias nela tu futuro.

E eu soube-o só depois, quando te vi,
E tive para mim melhor sentido,
E o meu passado foi como uma 'strada
Iluminada pela frente, quando
O carro com lanternas vira a curva
Do caminho e já a noite é toda humana.

Quando eu era pequena, sinto que eu
Amava-te já longe, mas de longe...

Fernado Pessoa

quinta-feira, agosto 10, 2006

A Voz dos Deuses

"Os deuses falam aos homens com vozes diferentes, conforme eles são capazes de entender. Os jovens ouvem essas vozes no estrépito das batalhas ou no acto do amor, os velhos aprendem a escutar de outra maneira."

Há já bastante tempo que, alguém especial, tinha aguçado a minha curiosidade em relação ao livro A Voz dos Deuses de João Aguiar, mas há sempre livros ansiosos por saltar da prateleira, bem como outros mais malandros que nos fazem olhinhos das estantes das livrarias, feiras ou mesmo hipermercados, acabando aqui o pobre leitor por sucumbir aos seus encantos, deixando outros possíveis futuros amores para segundo plano. Contudo, finalmente chegou o dia em que o feliz contemplado seria mesmo o grande Viriato, e assim terminei de devorar este livro há três diazitos.
É realmente tão bom quanto eu pensava, e fiquei agradavelmente surpreendida quando me apercebi que uma peça que adorei ver, há uns dois anos atrás, foi baseada neste mesmo livro. E já agora, para além de sugerir a leitura do livro, sugiro também o visionamento da peça, porque é realmente interessante, e o cenário é fantástico: o místico Castelo de Almourol (bem, o cenário não é propriamente o castelo, sendo este, antes o pano de fundo, o palco em si é o anfiteatro ao ar livre que fica logo ali, na margem do Tagus).
Infelizmente não tenho fotos dessa belíssima noite, já que esta foi o final de um fim-de-semana em grande, e como tal a máquina fotográfica meteu baixa e recusou-se a trabalhar mais, mas garanto que vale a pena, que mais não seja pela espantosa ceia servida no intervalo, em que não faltam as malgas de vinho tinto e as sandes de bácoro! ;)
Esta ideia original deve-se ao grupo Fatias de Cá, que este ano repete a façanha, tendo outros espectáculos pelo país. Pessoalmente, estou bastante inclinada para dar um salto ao jardim Botânico de Coimbra, e ver a Inês.

http://www.fatiasdeca.com/

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segunda-feira, agosto 07, 2006

Insónia

Este texto foi escrito, há já uns meses, por "encomenda" para um outro blog que partilho com uns amigos. O tema surgiu em conversa, quando todos comentávamos que já haviamos passado por estas situações desesperantes. A noite de ontem foi mais uma noite de semi-insónia, mas desta vez devido ao calor abrasador, de qualquer das formas recordou-me um pouco estas palavras.

Está calor…
Afasto as roupas de cima do meu corpo, destapo-O também, um murmúrio, um estremecer, sinto a companhia do Seu acordar. Mas o corpo imobiliza-se no canto da cama, a respiração estabiliza, e os sonhos voltam a Ele.
Sento-me, a cabeça pende para trás, e um ruído de tédio escapa-se do fundo do meu egoísmo. Olho para aquela sombra enroscada ao meu lado, as costas nuas e quentes desprezam a minha insónia.
Levanto-me e vou até à janela, esta range quando a abro sem cuidado, o frio húmido da noite choca com a minha pele quente, o chão gelado por baixo dos meus pés, o toque metálico do caixilho…sinto a incontornável certeza da minha presença ali naquele momento, onde não quero estar, onde não quero ser.
O frio empurra-me de novo para a cama, quase anseio pelo quente das pernas Dele, aquecer-me Nele, adormecer Nele…Mas o momento seguinte apaga esse conforto, não quero dormir, não quero ficar, quero falar, gritar, chorar, amar…não quero ficar quieta.
Sento-me de novo, mas desta vez com brusquidão propositada, o colchão resmunga preguiçosamente, mas Dele não sai um só som. Sem pudor chamo-O…sem resposta…talvez não me ouça enrolado no Seu sono perfeito. Deito-me e olho o tecto, não tento mais quebrar esse encantamento…neste momento Ele não é meu, e eu estou só.
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quinta-feira, agosto 03, 2006

Maharet & Os Celtas

O fim-de-semana passado resolvemos cometer o “excesso” de percorrer cerca de 500 km para ir assistir a um festival de música celta, do qual não conhecíamos a maioria das bandas. E assim ficou decidido que iríamos ao CeltiRock 2006. A principal razão que nos levou até ao Minho foi realmente esta, mas uma vez lá, perante a beleza e história daquela região, acabou por, inevitavelmente, se tornar secundária.
Assim, arrancamos daqui sexta-feira depois do trabalho, e diversos atrasos, provocados essencialmente por mim…e chegámos à Pousada da Juventude de Ponte de Lima, já a noite ia avançada, e já o segurança devia estar no seu segundo sono. A Pousada consiste nuns quantos paralelepípedos de betão, empilhados em cima uns dos outros, e os quartos parecem bunkers com janelas panorâmicas. Pessoalmente, a arquitectura não me agradou minimamente, com excepção da janela que substituía por completo uma das paredes do quarto, e nos oferecia assim um quadradinho da verdejante paisagem minhota. Contudo, trata-se duma pousada recente, e como tal as condições, de um modo geral são boas (pelo menos os colchões não rangiam de cada vez que eu mexia um dedo do pé, como acontece em certas e determinadas PJ’s deste Portugal “a fora”).
A manhã de Sábado passou-se por Ponte de Lima, a Vila mais antiga do país, que é muito bonita, e a qual gostaria de visitar com mais calma. Após o almoço, seguimos caminho supostamente para Montalegre, onde decorria o Festival, mas o passeio acabou por ser bem mais longo. Fomos até Lindoso, onde visitámos o Castelo, e fiquei completamente maravilhada com a (mini) Ponte Levadiça. Saímos depois de Portugal, para voltarmos a entrar na zona da reserva natural, onde demos de caras com uma cascata fantástica de água verde e vários “andares”, apinhada de pessoas a tomar o seu banhinho, que pareciam mesmo pinguins (não sei porquê, mas pareciam…), pena não podermos parar. Mais à frente fomos abordados por uma vaquita que andava meio perdida e procurava o caminho para a cascata.
O passeio pelo meio do Gerês foi fantástico, paisagens lindas, e miradouros que nos deixam ver TUDO. Aproveitámos ainda para dar uma voltinha a cavalo pelo meio da serra, nuns garranos semi-selvagens (dito desta forma até parece que domámos uma manada de animais selvagens e poderosos…nada disso, assemelhavam-se mais a póneis preguiçosos, mas nem por isso o passeio deixou de ser realmente muito agradável).
Chegámos a Montalegre já no início da noite, e como julgávamos (pronto..eu estava mal informada) que o festival era perto do Castelo, fomos até lá. Do festival, nem vê-lo, apenas ouvi-lo ao longe, mas o Castelo era também bastante bonito, não tendo sido por isso, uma subida em vão. Jantámos um banquete à boa moda do norte, com muita carne mal passada de grandes proporções (e de preço bem inferior ao praticado por terras mais a sul). Finalmente entrámos no Festival, foi uma desilusão ao nível da afluência, porque estava realmente pouca gente, mas do espectáculo em si não tenho nada a apontar, os Celtic Express com uma sonoridade mais irlandesa abriram a noite, e a eles seguiram-se os portugueses Mu, que foram uma agradável surpresa, uma mistura de vários instrumentos, com um som extremamente animado que dava uma vontade quase irresistível de dançar. Aconselho vivamente ao seu consumo. ;)
Infelizmente não pude ficar até ao fim, porque a noite já ia alta, o dia tinha sido longo, e os meus companheiros de viagem já ansiavam pelos seus respectivos bunkers.
No dia seguinte almoçámos em Guimarães, onde ainda tivemos tempo de passear um pouco e visitar o castelo, também de construção bastante interessante, e com pormenores engraçados, especialmente na torre principal, onde tivemos de subir umas escadas bem estreitinhas e passar por um postigo minúsculo para chegar ao exterior.
Lanchei em Vila Nova de Gaia à beira mar, onde fomos visitar uns familiares, e voltámos então para casa, já não tendo havido oportunidade de passar pela Festa Medieval de Santa Maria da Feira, o que me deixou um pouco “desconsolada”, uma vez que já ando com saudades do mercado de Óbidos, onde este ano passei uns bons bocados…
Com saudades, também, fiquei do Minho e especialmente do Gerês, espero ter oportunidade de lá passar uns diazinhos (entenda-se, mais do que dois...), em breve, para poder explorar à vontade aquela zona maravilhosa.

Aqui fica o link do Festival para quem tiver interesse e, quem sabe, lá quiser dar um saltinho para o ano:
http://www.celtirock.com/
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