sexta-feira, agosto 11, 2006

Onze...


Quando te vi amei-te já muito antes:
Tornei a achar-te quando te encontrei.
Nasci pra ti antes de haver o mundo.
Não há cousa feliz ou hora alegre
Que eu tenha tido pela vida fora,
Que o não fosse porque te previa,
Porque dormias nela tu futuro.

E eu soube-o só depois, quando te vi,
E tive para mim melhor sentido,
E o meu passado foi como uma 'strada
Iluminada pela frente, quando
O carro com lanternas vira a curva
Do caminho e já a noite é toda humana.

Quando eu era pequena, sinto que eu
Amava-te já longe, mas de longe...

Fernado Pessoa

3 comentários:

Bxana disse...

Quando eu sonhava, era assim
Que nos meus olhos via;
E era assim que me fugia,
Apenas eu despertava,
Essa imagem fugidia
Que nunca pude alcançar.
Agora que estou desperta,
Agora a vejo a fixar...
Para quê? - Quando era vaga,
Uma ideia, umpensamento,
Um raio de estrela incerto
No imenso firmamento,
Uma quimera, um vão sonho,
Eu sonhava - mas vivia:
Prazer não sabia o que era,
Mas não, não na conhecia...

*Almeida Garrett*

(Adorei o poema do Pessoa. Lindo. Espero que gostes deste, um dos meus preferidos do Garrett - beijinhos!;)

Maharet disse...

Também gosto muito desse poema, sabes que eu desde os meus 9 anos de idade que tenho uma paixão assolapada pelo Garrett!! O FP foi um amor mais tardio, mas também me "deu de força"! ;P

^*^ pa Bxnanita

*para quem não conhece o poema, no último verso lê-se "Mas dor, não na conhecia" e não "Mas não, não na conhecia". Queiram perdoar a pobre Bxana, mas ela há 10 dias que não dorme, e que tem de aturar 5 marmanjos quase tão chatinhos quanto ela, é dose!! ;P

Bxana disse...

Looooooooooooooooool!

Esqueci-me da "dor"!!!:)

Muito obrigada Morceguinha, é um sacrilégio andar aqui a estragar a poesia do Garrettito..:(

;)

Bjoca grande!

( Hi, tchau!:P )