quinta-feira, agosto 03, 2006

Maharet & Os Celtas

O fim-de-semana passado resolvemos cometer o “excesso” de percorrer cerca de 500 km para ir assistir a um festival de música celta, do qual não conhecíamos a maioria das bandas. E assim ficou decidido que iríamos ao CeltiRock 2006. A principal razão que nos levou até ao Minho foi realmente esta, mas uma vez lá, perante a beleza e história daquela região, acabou por, inevitavelmente, se tornar secundária.
Assim, arrancamos daqui sexta-feira depois do trabalho, e diversos atrasos, provocados essencialmente por mim…e chegámos à Pousada da Juventude de Ponte de Lima, já a noite ia avançada, e já o segurança devia estar no seu segundo sono. A Pousada consiste nuns quantos paralelepípedos de betão, empilhados em cima uns dos outros, e os quartos parecem bunkers com janelas panorâmicas. Pessoalmente, a arquitectura não me agradou minimamente, com excepção da janela que substituía por completo uma das paredes do quarto, e nos oferecia assim um quadradinho da verdejante paisagem minhota. Contudo, trata-se duma pousada recente, e como tal as condições, de um modo geral são boas (pelo menos os colchões não rangiam de cada vez que eu mexia um dedo do pé, como acontece em certas e determinadas PJ’s deste Portugal “a fora”).
A manhã de Sábado passou-se por Ponte de Lima, a Vila mais antiga do país, que é muito bonita, e a qual gostaria de visitar com mais calma. Após o almoço, seguimos caminho supostamente para Montalegre, onde decorria o Festival, mas o passeio acabou por ser bem mais longo. Fomos até Lindoso, onde visitámos o Castelo, e fiquei completamente maravilhada com a (mini) Ponte Levadiça. Saímos depois de Portugal, para voltarmos a entrar na zona da reserva natural, onde demos de caras com uma cascata fantástica de água verde e vários “andares”, apinhada de pessoas a tomar o seu banhinho, que pareciam mesmo pinguins (não sei porquê, mas pareciam…), pena não podermos parar. Mais à frente fomos abordados por uma vaquita que andava meio perdida e procurava o caminho para a cascata.
O passeio pelo meio do Gerês foi fantástico, paisagens lindas, e miradouros que nos deixam ver TUDO. Aproveitámos ainda para dar uma voltinha a cavalo pelo meio da serra, nuns garranos semi-selvagens (dito desta forma até parece que domámos uma manada de animais selvagens e poderosos…nada disso, assemelhavam-se mais a póneis preguiçosos, mas nem por isso o passeio deixou de ser realmente muito agradável).
Chegámos a Montalegre já no início da noite, e como julgávamos (pronto..eu estava mal informada) que o festival era perto do Castelo, fomos até lá. Do festival, nem vê-lo, apenas ouvi-lo ao longe, mas o Castelo era também bastante bonito, não tendo sido por isso, uma subida em vão. Jantámos um banquete à boa moda do norte, com muita carne mal passada de grandes proporções (e de preço bem inferior ao praticado por terras mais a sul). Finalmente entrámos no Festival, foi uma desilusão ao nível da afluência, porque estava realmente pouca gente, mas do espectáculo em si não tenho nada a apontar, os Celtic Express com uma sonoridade mais irlandesa abriram a noite, e a eles seguiram-se os portugueses Mu, que foram uma agradável surpresa, uma mistura de vários instrumentos, com um som extremamente animado que dava uma vontade quase irresistível de dançar. Aconselho vivamente ao seu consumo. ;)
Infelizmente não pude ficar até ao fim, porque a noite já ia alta, o dia tinha sido longo, e os meus companheiros de viagem já ansiavam pelos seus respectivos bunkers.
No dia seguinte almoçámos em Guimarães, onde ainda tivemos tempo de passear um pouco e visitar o castelo, também de construção bastante interessante, e com pormenores engraçados, especialmente na torre principal, onde tivemos de subir umas escadas bem estreitinhas e passar por um postigo minúsculo para chegar ao exterior.
Lanchei em Vila Nova de Gaia à beira mar, onde fomos visitar uns familiares, e voltámos então para casa, já não tendo havido oportunidade de passar pela Festa Medieval de Santa Maria da Feira, o que me deixou um pouco “desconsolada”, uma vez que já ando com saudades do mercado de Óbidos, onde este ano passei uns bons bocados…
Com saudades, também, fiquei do Minho e especialmente do Gerês, espero ter oportunidade de lá passar uns diazinhos (entenda-se, mais do que dois...), em breve, para poder explorar à vontade aquela zona maravilhosa.

Aqui fica o link do Festival para quem tiver interesse e, quem sabe, lá quiser dar um saltinho para o ano:
http://www.celtirock.com/
^*^

1 comentário:

Bxana disse...

Foste ao meu "pequeno" santuário...lindo não é?

Tive imensa pena de não ter ido, mais do que tu possas imaginar, porque ali sim, é a casa dos celtas, em terras lusas... Falta dar um pulinho a Bragança, mas é uma viagem que se pode combinar um dia destes, não é?;)

«Há sítios no mundo que são como certas existências humanas: tudo se conjuga para que nada falte à sua grandeza e perfeição.
Este Gerês é um deles. Acumularam-se e harmonizaram-se aqui tais forças e contrastes, tão variados elementos de beleza e expressão, que o resultado lembra-me sempre uma espécie de genialidade da natureza».

Miguel Torga, Gerês, 6 de Agosto de 1955